Componente de Apoio à Familia
A evolução do quadro social e familiar tem influenciado as medidas de orientação política, no que diz respeito à educação pré-escolar, já que aquela nos dá conta de alterações na sua organização ao longo dos últimos anos: pai e mãe trabalham fora de casa, o número de elementos na família tende a reduzir e os avós ainda estão empregados ou vivem longe.
Neste sentido, a Lei n.º 5/97, de 10 de Fevereiro, Lei-quadro da Educação Pré-Escolar, no seu ponto 1, do artigo 12.º, determina que “os estabelecimentos de educação pré-escolar devem adoptar um horário adequado para o desenvolvimento das actividades pedagógicas, no qual se prevejam períodos específicos para actividades educativas, de animação e de apoio às famílias, tendo em conta as necessidades destas”.
Em sequência, o Decreto-Lei n.º 147/97, de 11 de Julho, regulamenta a flexibilidade do horário dos estabelecimentos de educação pré-escolar, de modo a colmatar as dificuldades das famílias.
A Natureza da Componente de Apoio à Familia
A Lei-quadro (Lei n.º 5/97 de 10 de Fevereiro) consigna os objectivos da educação pré-escolar e prevê que, para além dos períodos específicos para o desenvolvimento das actividades pedagógicas, curriculares ou lectivas, existam actividades de animação e apoio às famílias, de acordo com as necessidades destas (art.12.º). As actividades de apoio à família integram todos os períodos que estejam para além das 25 horas lectivas e que, de acordo com a lei, sejam definidos com os pais no início do ano lectivo.
Teremos assim, sempre que tal se justifique, as entradas, os almoços, os tempos após as actividades pedagógicas e os períodos de interrupções curriculares, sempre que os pais/encarregados de educação necessitarem que os seus educandos permaneçam na Instituição.
Será nosso dever não só explicar aos pais/encarregados de educação como as 25 horas curriculares contribuem decisivamente para o desenvolvimento e aprendizagem de crianças de 3, 4 e 5 anos, como também garantir a qualidade de todo o tempo que os pais/encarregados de educação precisarem efectivamente de as ter na Instituição.
O serviço de refeições, nomeadamente os almoços, insere-se na Componente de Apoio à Família. A sua organização e dinâmica são, por isso, ser cuidadosamente pensadas. Tempo precioso de prazer e convívio, os almoços são também tempo de múltiplas aprendizagens em que as crianças vão conquistando uma importante competência – saber estar à mesa de acordo com as regras sociais. Aprender a estar à mesa é um processo longo. Muitas crianças estão habituadas a comer em casa de formas diversas e necessitam de compreender que não está em causa a cultura familiar, mas a necessidade de também saberem estar à mesa de formas socialmente aceites. Este momento é auxiliado com a presença do Educador.
Contudo, este tempo pode com facilidade ser um espaço de conflito e mágoa em que se avoluma o mal-estar entre adultos e crianças. Para lidar com todos estes aspectos é necessário gerir a ansiedade e ter presente que, mais importante do que a quantidade que a criança come, é o gosto com que o faz.
Num momento em que se privilegia o convívio, o envolvimento estético, a qualidade do atendimento e a tranquilidade são ajudas preciosas para que as crianças se sintam acolhidas, respeitadas e valorizadas.
A Fundação organiza de forma cuidada o momento das refeições. Existe um apoio por parte dos técnicos aos restantes agentes de acção educativa de forma a encontrar formas de ir aferindo este tempo numa regulação eficaz, que contribua para que sejam um prazer partilhado por adultos e crianças. A qualidade e a variedade da alimentação são garantias indispensáveis a um serviço de refeições.
O almoço é seguido de um tempo de brincadeira, maior ou menor, conforme a organização da rotina diária. Nesse tempo as crianças brincam livremente, tendo por companheiros atentos e desafiadores de novas brincadeiras, não só os seus pares, mas também os profissionais que estiverem por elas responsáveis. Existe a possibilidade de algumas crianças repousarem sempre que necessitem e os pais/encarregados de educação julgarem conveniente.
As entradas, os tempos após as actividades pedagógicas e os períodos de interrupções curriculares são preenchidos com animação socioeducativa. São momentos mais soltos e íntimos, menos estruturados, vocacionalmente mais abertos à informalidade e à multiplicidade de respostas. Uma vez que estas actividades têm sobretudo um cariz socializante, estando mais próximas dos contextos sociais naturais, existem trocas activas inter-grupos (por exemplo, reagrupando os grupos por horas de saída, criando grupos de idades diferentes).
O espaço para estes momentos informais é o nosso ginásio, que favorece a polivalência e a intimidade, afastando-se das características mais estruturadas das salas. O espaço está equipado com materiais que permitem experiências diversificadas. No exterior temos um espaço dotado das devidas regras de segurança que permite a execução de um número e variado de actividades lúdicas.
Apesar do seu carácter eminentemente lúdico, este serviço exige elevada atenção e planeamento de recursos, estando sujeito a avaliação por parte da equipa de acompanhamento do Projecto Educativo.